ANÁLISE: A volta de Paulo Hartung às ruas: ensaio de um novo protagonismo político?
- Addison Viana
- 9 de jun.
- 3 min de leitura
ANÁLISE DO CAFÉ: Depois de anos longe do corpo a corpo político, Paulo Hartung ressurge no cenário capixaba com um gesto simbólico e estratégico: voltou às ruas de Vitória, ao lado da vice-prefeita Cris Samorini. O ex-governador, que até então mantinha uma postura mais reservada, rompeu o silêncio ao visitar obras públicas e interagir com a população, reacendendo questionamentos sobre seu futuro político e sua real intenção com esse retorno.

Por que Paulo Hartung reapareceu nas ruas de Vitória?
O reaparecimento de Hartung não parece ser um movimento casual. Embora não tenha feito declarações diretas sobre disputar um novo cargo, o gesto de “tirar a ferrugem” no contato direto com o povo sinaliza que ele está testando terreno. Trata-se de um político experiente, que sabe o peso simbólico de reaparecer em agendas públicas ao lado de possíveis candidatos, num ano pré-eleitoral.
Além disso, a escolha do local — as obras do projeto “Vitória de Frente para o Mar” — tem forte apelo emocional e político. Hartung foi prefeito de Vitória entre 1993 e 1996 e liderou a primeira grande urbanização da região. Voltar ali, elogiando a intervenção atual, reforça sua marca de gestor, sem criar conflito com a atual administração.
Estaria ensaiando uma pré-campanha?
Embora ainda não existam sinais claros de que Hartung vá disputar um cargo em 2026, a movimentação pode ser lida como o início de uma rearticulação. Ele volta ao jogo político no momento em que se filia ao PSD, legenda que tem se fortalecido nacionalmente e busca protagonismo regional. Isso pode ser tanto um movimento de apoio — como o de um conselheiro ou articulador nos bastidores — quanto o ensaio para um possível retorno às urnas.
Se não for ele o nome da vez, pode estar se posicionando como o avalista de uma candidatura forte na capital ou no estado. Sua presença pode atrair apoios e dar densidade a alianças em construção.
Por que acompanhado de Cris Samorini?
A presença de Cris Samorini ao seu lado é, talvez, o indício mais claro de que há uma movimentação estratégica em curso. A vice-prefeita é uma possível pré-candidata à Prefeitura de Vitória e vem ampliando sua visibilidade. Hartung, ao estar com ela, pode estar sinalizando apoio a essa possível candidatura — além de transferir prestígio e capital político.
Cris tem perfil técnico, fala com o empresariado e é bem vista em setores moderados. Ter ao seu lado uma figura como Hartung ajuda a reforçar sua credibilidade junto a eleitores mais antigos e tradicionais, enquanto ela tenta consolidar sua imagem para além da vice-prefeitura.
Por que Hartung se afastou da política nos últimos anos?
O afastamento de Hartung, embora interpretado por muitos como um “recolhimento”, também tem traços estratégicos. Após sua última gestão no Governo do Estado (2015-2018), ele optou por não disputar a reeleição e manteve-se distante dos embates políticos, ocupando posições técnicas e institucionais, como em conselhos de empresas e entidades do setor privado.
Esse afastamento pode ter sido motivado por um desgaste natural após décadas de vida pública, mas também por uma leitura do cenário político — que, em determinados momentos, estava mais polarizado e menos propício ao estilo moderado e técnico que sempre o caracterizou.
Conclusão
O retorno de Paulo Hartung às ruas, ao lado de uma potencial candidata, marca um novo momento em sua trajetória política. Pode não ser ainda uma pré-campanha formal, mas é, certamente, um movimento pensado, com simbolismo e propósito. Seja como mentor, articulador ou futuro candidato, ele dá sinais claros de que não está disposto a permanecer no silêncio. E, no Espírito Santo, quando Hartung se move, o tabuleiro político inteiro costuma se reorganizar.
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